Filme do dia (94/2024) – “A Cartada Final”, de Frank Oz, 2001 – Nick Wells (Robert De Niro) é um arrombador de cofres que pretende abandonar o crime para viver na licitude. O receptador com quem ele trabalha – Max Baron (Marlon Brando) -, no entanto, oferece uma proposta irrecusável - furtar um cetro histórico de valor inestimável. Para tanto, ele terá de contar com a ajuda de um jovem parceiro, Jack Teller (Edward Norton), sem o qual não teria acesso ao local onde a relíquia está.
A história deste thriller policial apoia-se nos conceitos de confiança, lealdade e respeito às regras autoimpostas, O criminoso Nick segue regras rígidas de conduta em seu “trabalho” – jamais comete crimes na cidade em que vive, não trabalha com parceiros e planeja as próprias ações. Ele pretende largar sua vida criminosa e viver como proprietário de um clube de jazz na cidade de Montreal. Nick, entretanto, depara-se com uma oportunidade única, quando Max, seu receptador, expõe a ele a possibilidade de furtar uma relíquia histórica de valor milionário. Para tanto, ele teria de burlar suas próprias regras, pois teria de trabalhar com um parceiro e realizar o crime na cidade de Montreal onde ele vivia. Nick aceita o desafio, muito embora pressinta o perigo desta ação. Seu contato com seu jovem parceiro é tenso desde o início, mas Nick resolve dar um voto de confiança para o rapaz, que tem lá suas cartas na manga e, juntos, planejam o furto. O argumento, ainda que clichê, é bom e tem potencial, sendo razoavelmente desenvolvido pelo filme. Pontos positivos: a obra tem um ritmo intenso, adequada ao gênero; a atmosfera de tensão é crescente e segura a atenção do espectador; as reviravoltas da narrativa, se não são exatamente surpreendentes, fazem sentido no todo da história; e o desfecho me agradou. Pontos negativos: alguns elementos do plano são um pouco inconsistentes e acontecem de uma forma que não convence – em outras palavras, existem soluções que aparentam muito simplicidade e informações que surgem do nada. Okay, talvez eu seja analítica demais e fique procurando furos no roteiro, mas encontrar buracos aqui e ali não ajudam muito a obra. A narrativa é linear e, formalmente, a obra é bastante convencional, o puro suco de Hollywood. Vale destacar duas questões: a ótima trilha musical, até mesmo pelo fato de Nick possuir um clube de jazz, logo, a música diegética (que faz parte do universo ficcional) é superior à média; e, claro o elenco, que merece algumas considerações... Não se pode negar que o elenco de peso é um chamariz fortíssimo para o filme... o problema é que não se extrai dele o trabalho esperado de cada intérprete. Robert De Niro está correto, não pesa a mão, está realmente bem como Nick, mas distante anos-luz de personagens como Travis Brickle, de “Taxi Driver” (1976) ou Max Cady, de “Círculo do Medo” (1991), trabalhos memoráveis do ator; Edward Norton, por sua vez, realiza um Jack Teller convincente, mas, como Brian, está constrangedor – é outro que fez um trabalho um pouco protocolar demais. Mas é a presença de Marlon Brando a maior incógnita do filme – nunca, na história do cinema, um ator foi tão “isca” para atrair público!!!! Sua participação é pífia, seu personagem poderia ter sido interpretado por qualquer intérprete meia-boca, porque é um personagem para lá de secundário e desimportante no total da trama, simplesmente não se justifica sua presença na obra. E o mesmo pode ser dito sobre Angela Bassett, que interpreta Diane, noiva de Nick – muito talento para pouco resultado. Aliás, falta química entre os personagens – não apenas entre Nick e Diane, mas também entre Nick e Max, pois a interação entre Robert De Niro e Marlon Brando foi, no mínimo, decepcionante. Olha... o filme é razoável, dá para assistir de boa, mas está longe de ser uma obra diferencial em seu gênero. Recomendo só para aficionados pelo gênero/assunto. Disponível em streaming no Amazon Prime e no Apple TV.
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