Filme do dia (55/2024) – “A Hora do Terror”, de Jack Bender, 1985 – Em uma pequena cidade do interior dos EUA, na tarde de Halloween, um grupo de adolescentes rouba alguns objetos históricos e, inadvertidamente, desfaz um feitiço que aprisionava uma bruxa. Com a magia desfeita, a bruxa e “todos os demônios do inferno” ressurgem de suas tumbas e passam a vagar pela cidade, sendo confundidos com os habitantes fantasiados para a festa de Halloween.
A década de 1980 foi, possivelmente, a que rendeu o maior número e os mais marcantes filmes adolescentes do cinema hollywoodiano. São inúmeros os filmes dessa época francamente voltados para o público “teen”, os quais abarcavam, simplesmente, todos os gêneros: do romance (“Gatinhas e Gatões”, 1984; “A Garota de Rosa Shocking”, 1986), ao drama (“O Primeiro Ano do Resto das Nossas Vidas”, 1985; “Clube dos Cinco”, 1985), da aventura (“Os Caçadores da Arca Perdida”, 1981; “Goonies”, 1985) à comédia (“Curtindo a Vida Adoidado”, 1986), da ficção científica (“De Volta para o Futuro”, 1985) ao terror (“A Hora do Espanto”, 1985). O telefilme “A Hora do Terror”, produzido especialmente para as comemorações de Halloween, encaixa-se perfeitamente neste nicho de cinema adolescente, parecendo um encontro entre John Hughes (principal diretor dessa leva de filmes adolescentes) com Sam Raimi (diretor que ficou marcado por seus filmes de terror exagerados, que beiram o “trash” e que flertam com a comédia, ganhando o apelido de “terrir”). A obra, para ser degustada com a família, é leve, e nem de longe lembra um filme do gênero terror comum, com suas atmosferas sombrias e tensas e violência plástica – aqui, tudo é mais palatável e divertido, não temos “climão”, nem as aflitivas cenas “gore”, e tanto a violência, quanto a presença de sangue são bem economizados. A história acompanha um grupo de adolescentes que, num dia de Halloween, sem querer, desperta do além uma bruxa e todo um séquito de mortos-vivos e monstros, dentre lobisomens e vampiros (confesso que aceitei melhor os mortos-vivos que os vampiros e homens-lobo, os quais me soaram extremamente deslocados na lógica da narrativa). À noite, enquanto os habitantes da pequena cidade comemoravam a data, tais criaturas malignas saem e passam a fazer vítimas e somente o personagem Phil (Lee Montgomery) tem como reverter a situação. A narrativa é linear, em ritmo intenso. Por um sem-fim de motivos, que vão da ausência de atmosfera sombria, à comicidade de cenas e personagens, passando por algumas bizarrices como um zumbi anão, uma morta-viva apaixonada e um número musical que nos remete ao clip de “Thriller”, de Michael Jackson, definitivamente não é um filme para ser levado a sério e, muito menos, causar medo em qualquer grau. É bem um filme “sessão da tarde”, que vai bem acompanhando uma pipoca. Mas não espere uma obra tosca e malfeita – não, a produção é bem caprichada, os efeitos especiais e maquiagens são simples, mas eficientes e cumprem seus propósitos. Vale destacar a trilha musical bem escolhida que tem The Smiths e Creedence Clearwater Revival, dentre outros, e uma versão antiguinha de “Babe, I’m Yours”, interpretada por Barbara Lewis. O elenco não traz nomes famosos e, vamos combinar, tampouco grandes interpretações. O protagonismo fica por conta de Lee Montgomery como Phil que, se não tem uma atuação memorável, também não fez feio, interpretando um adolescente tímido e meio “nerdola”; Shari Belafonte interpreta Melissa, num trabalho, na minha opinião, bem frágil; Peter DeLuise interpreta o atleta popular Mitch, LeVar Burton faz o personagem Vinnie, Dedee Pfeiffer dá vida à personagem Mari e Jonna Lee, a romântica Sandy. Olha... é um filme gostosinho, bobinho, muito família, e eu me diverti assistindo a ele. Infelizmente, segundo o Justwatch, não está em nenhum streaming (mas tem em DVD, pela Versátil).
Comments