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hikafigueiredo

"A Passageira", de Salvador del Solar, 2015

Filme do dia (169/2020) - "A Passageira", de Salvador del Solar, 2015 - Magallanes (Damián Alcázar) é um ex-soldado do exército peruano que atualmente trabalha como taxista. Certo dia, entra em seu táxi uma moça que Magallanes reconhece como Celina (Magaly Solier), uma antiga "prisioneira" do exército. Sabendo da infame história da moça, Magallanes resolve ajudá-la.





Comprei esse filme sem ter qualquer referência sobre ele. Arrisquei. Pois foi uma grande aquisição. A obra - ótima- versa sobre as atrocidades cometidas sempre que é dado algum poder extra ao exército de qualquer país. Aqui, no caso, discorre-se sobre os desmandos do exército peruano nos conflitos envolvendo o grupo guerrilheiro Sendero Luminoso - ou, melhor, sob a desculpa de estar lutando contra as atividades do grupo. O filme mostra como existem conciliações impossíveis e o quanto é necessário que as forças militares, quando usadas de forma autoritária, antidemocrática e imoral, assumam seus erros, façam seu "mea culpa" e confrontem seus excessos e crimes do passado. É uma obra que começa com alguma leveza e vai, paulatinamente, tornando-se mais e mais pesada. Há, ainda, a certa altura do filme, uma mudança brusca da percepção dos personagens pelo espectador - cuidado, você pode se surpreender com o desenrolar da trama e com as atitudes dos personagens envolvidos. A história tem um fundo muito, muito cruel e, ao fim dela, talvez o espectador perca parte de sua fé na humanidade. A narrativa é bastante sólida, mas vai se revelando aos poucos e tem um desfecho extraordinário. Destaque absoluto para a cena do confronto entre o personagem do advogado, filho do coronel, e a personagem Celina - o discurso desta, inteiramente proferido em quíchua, onde não entendemos nem uma única palavra, é de arrepiar. Mas está em quíchua e não entendemos nem uma única palavra!!! Nem precisa... O roteiro é excelente, mas o filme não seria o mesmo sem as ótimas interpretações de Damián Alcázar como Magallanes - um homem torturado, lá no seu íntimo, pela culpa, por saber de todos os podres que aconteceram diante de seus olhos e que ele participou, ativamente, sob a justificativa de "cumprir ordens"; e, ainda mais, de Magaly Solier como Celina - a altivez da personagem e a expressão de sua dor e fúria na cena já mencionada mexeram comigo, eu fiquei realmente emocionada. No elenco, ainda, Federico Luppi, um incrível ator argentino que eu já conhecia de "Cronos" (1993) e de "A Espinha do Diabo" (2001), no papel do (odioso) coronel. Olha... filmaço, viu??? Recomendo bastante.

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