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hikafigueiredo

"A Rebelde", de Alberto Bevilacqua, 1970

Filme do dia (38/2019) - "A Rebelde", de Alberto Bevilacqua, 1970 - Durante manifestações operárias por melhores condições de trabalho e salários, a engajada viúva Irene (Romy Schneider) enfrenta o poderoso empresário Doberdó (Ugo Tognazzi). Após os primeiros contatos conflitantes, o empresário acaba cedendo aos encantos da bela operária, o que mudará sua forma de agir com relação aos demais trabalhadores.





Gosto bastante do cinema político italiano, que nos rendeu obras como "Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita" (1970), "A Classe Operária vai ao Paraíso" (1971), "Sacco e Vanzetti" (1971), "Pai Patrão" (1977), dentre muitos outros de igual qualidade. Como os filmes mencionados, "A Rebelde" tem o mesmo teor revolucionário, insurgente contra os poderosos e o "establishment". No entanto, enquanto aqueles têm um visão mais cínica e, por vezes, um pouco maniqueísta, "A Rebelde" tem um viés mais romântico e tenta um discurso um pouco mais ponderado e contemporizador. Não que os poderosos empresários, como um todo, não sejam demonizados, mas o fato do protagonista, após se envolver com a operária Irene, assumir um tom mais conciliador com relação aos trabalhadores me soou um pouco irrealista e, definitivamente, muito romântico. Apesar deste matiz fantasioso, o filme retrata a luta operária naquele momento histórico, o que, para mim, é suficiente para curtir a obra. A estética, bem setentista, abusou dos "zooms" de ênfase, tão típicos da época (e que eu sempre ressalto que eu detesto). A fotografia é pálida, lavada, característica só quebrada pelo constante uso da cor vermelha. A música de Ennio Morricone traz uma leveza esquisita ao filme (eu optaria por uma música mais dramática, mas quem sou eu para criticar Ennio Morricone????). Romy Schneider interpreta uma Irene por vezes dura, mas o envolvimento com Doberdó revela uma faceta suave e doce da operária. Ugo Tognazzi, ator mais afeto às obras cômicas, faz um ótimo trabalho dramático como Doberdó, ainda que não acredite que o cínico empresário do começo do filme poderia se transformar numa pessoa mais humana e solidária só por conta de seu envolvimento com uma mulher da classe trabalhadora. Diria que é um filme interessante, mas um pouco aquém dos citados anteriormente. Indico para quem tem especial interesse no tema.

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