Filme do dia (142/2023) – “After”, de Anthony Lapia, 2023 – Em um clube techno parisiense, jovens divertem-se dançando, bebendo e usando as mais diversas drogas. Félicie (Louise Chevillotte) conhece Said (Majd Mastoura) e o convida para sua casa, onde, entre um copo de bebida e outro, eles discutirão diferentes posicionamentos perante a vida.
Essa curtíssima obra vem para retratar um pouco da atual juventude parisiense, perdida entre a frívola busca pelo prazer imediato e a quase completa ausência de objetivos. No filme temos um claro niilismo disfarçado de hedonismo, em que jovens esgotam-se na pista de dança e no uso de drogas e álcool para preencher minimamente seu vazio existencial. Nesta realidade, destacam-se os personagens Félicie e Said, os quais saem do clube com ares de rave para o discreto apartamento de Félicie. Ali, entre bebidas, drogas e sexo, eles posicionam-se perante o mundo atual: enquanto a jovem francesa, branca e padrão não vê qualquer saída para as questões que se colocam, sejam estas sociais, políticas ou ambientais e encara a realidade com absoluta descrença, o rapaz de origem árabe defende a necessidade de ação e acredita que é possível intervir e mudar coisas do cotidiano. O choque de ideias é curto, a personagem Félicié manifesta algumas críticas e frases pontuais acerca de diferentes assuntos, mas logo os jovens preferem terminar de aproveitar a noite um nos braços do outro. Paralelamente cenas – muitas, muitas mesmo, demasiadas – dos jovens dançando ao som de música techno. Olha... tive de espremer demais o filme para retirar essas gotas de assunto. A narrativa é linear, em ritmo inexistente. A atmosfera, da mesma maneira, tende ao completo vazio. Há tempo demais retratando o clube e os jovens dançando e de menos no casal central. Não vou mentir: precisei buscar inspiração para falar da obra, viu. Quando o filme terminou, eu senti alívio até e não porque a temática fosse muito profunda e, assim, exaustiva – Nãããããão!!!! O filme não instiga a pensar, não propicia discussões ricas e, tampouco, mexe com o nosso emocional através de uma natureza sensorial. É um filme fraco e, para mim, pretensioso sem sequer ter estofo para tal. Digo mais: para mim o vazio existencial estende-se à obra e ela não deixa claro a que veio. Como disse minha amiga – o maior mérito do filme é que ele é curto. Não gostei, achei paupérrimo em ideias, visualmente banal, formalmente comum e sem criatividade e, mais que tudo, chato e sem atrativos. Não recomendo nem para inimigo.
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