Filme do dia (111/2022) - "Bird", de Clint Eastwood, 1988- A vida do músico de jazz Charlie "Bird" Parker (Forest Whitaker), de seus primeiros passos como saxofonista ao sucesso internacional, passando pelo relacionamento conturbado com sua esposa Chan (Diane Venora) e seu vício em álcool e drogas.
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Cinebiografia do saxofonista Charlie Parker, a obra vai focar nos altos e baixos da vida do músico, marcada por seu comportamento autodestrutivo, que incluiu o alcoolismo e o vício em heroína. O filme também vai retratar o relacionamento de Charlie com sua esposa Chan e com outros músicos de renome da época como Dizzy Gillespie e Red Rodney, com os quais tinha profunda amizade e respeito mútuo. A narrativa é não-linear e fragmentada, indo e voltando em diferentes momentos da vida do personagem. O ritmo é moderado e constante, sem a criação de um clímax. A fotografia colorida privilegia o brilho e o contraste, além dos planos médios e próximos. Com raras exceções, a câmera é, prioritariamente, fixa, na altura do objeto. Como era de se esperar, há um especial destaque ao som e à trilha musical, marcada pelo jazz criativo e ousado de Charlie Parker e de seus amigos. O músico é interpretado pelo ótimo Forest Whitaker na vida adulta e, quando jovem, pelo irmão de Forest, Damon, cuja semelhança física é impressionante. O trabalho de Forest é excepcional, trazendo profunda humanidade ao atormentado personagem, o que lhe valeu o Prêmio de Melhor Interpretação Masculina em Cannes (1988). No papel de Chan, Diane Venora, numa interpretação inspirada e afiada como o humor ferino da personagem. Como Red Rodney, Michael Zelniker, e como Dizzy Gillespie, Samuel E. Wright, ambos muito bem. A obra foi agraciada com o Oscar (1989) de Melhor Mixagem de Som e, o diretor Clint Eastwood, com o Globo de Ouro (1989) de Melhor Direção. A obra é bacana, redondinha, absolutamente bem dirigida, mas, na minha opinião, um pouco longa demais para uma cinebiografia (2h40mi), ainda mais para um artista cuja vida foi uma somatória de tropeços, a despeito do enorme e inegável talento musical do músico. Confesso que, lá pelas tantas, fiquei um pouco cansada do filme, ainda que não tenha tido um segundo sequer de sono (tenha certeza que isso significa excelência da obra). Para quem gosta de música, em especial jazz, é um filme obrigatório. Para os demais, uma ótima obra. Recomendo.
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