Filme do dia (113/2024) – “Campo dos Sonhos”, de Phil Alden Robinson, 1989 – Ray Kinsella (Kevin Costner) vive em uma fazenda em Iowa, junto com sua esposa Annie (Amy Madigan) e a filha Karin (Gaby Hoffmann), onde cultiva milho e tenta aprender a ser um fazendeiro. Certo dia, ele escuta, vindo de seu milharal, uma voz dizendo “se você construir, ele virá”. Após ter uma visão de um campo de beisebol, ele entende o que a voz pede e constrói, no meio de seu milharal, um campo de beisebol, quando, então, a mágica acontecerá.
Baseado no romance “Shoeless Joe”, de W. P. Kinsella, o filme cria uma ficção fantasiosa acerca de um episódio real ocorrido na liga de beisebol de 1919, quando oito jogadores do time Chicago White Sox foram banidos do esporte após um caso de corrupção, dentre os quais um dos mais notórios jogadores de todos os tempos, Shoeless Joe Jackson. A obra menciona, ainda, outro jogador real, Archibald “Moonlight” Graham, que, fenômeno do esporte, abandonou tudo, antes mesmo de se profissionalizar, para se tornar médico. Na história, um aspirante a fazendeiro, após escutar vozes e ter visões, constrói um campo de beisebol em meio ao seu milharal, sem saber bem o motivo para tanto. Após alguns dias, no entanto, a resposta vem na forma de Shoeless Joe: magicamente, o espírito do famoso jogador materializa-se no campo e ele passa treinar, junto com seus antigos e falecidos companheiros no local. Outros comandos se sucedem, e Ray, o protagonista, vai montando, gradativamente, o quebra-cabeça do que a voz misteriosa quer. A história, evidentemente bastante fantasiosa, vai discorrer sobre sonhos, aspirações, mágoas, perdão e, acima de tudo, redenção. Apesar da narrativa indicar uma direção, quando chegamos na metade do filme já percebemos onde tudo vai desaguar e o real significado daquela voz (bom, eu, pelo menos, não me surpreendi). Ainda que bonitinha e singela, a obra, para mim, tem o eterno problema dos filmes hollywoodianos: tudo tem que ser explicadinho nos mínimos detalhes, não existe espaço para qualquer sugestão, interpretação ou releitura – na minha opinião, o filme poderia ser muito mais instigante se algumas coisas ficassem subentendidas e houvesse lugar para interpretações diferentes. A narrativa é linear, muito embora brinque com o passado e o presente, em ritmo marcado e regular. Formalmente, é um filme convencional, sem qualquer inovação no âmbito da linguagem utilizada – dada a temática, bem cabia alguma ousadia, opção completamente descartada pelo diretor. O destaque fica por conta do elenco: Kevin Costner e Ray Liotta, ambos em alta naquela época, interpretam, respectivamente Ray Kinsella e “Shoeless” Joe Jackson; James Earl Jones dá vida ao escritor fictício Terence Mann (inspirado no escritor real J. D. Salinger) e Burt Lancaster, em seu último papel, interpreta o Dr. Graham. O filme recebeu três indicações ao Oscar (1990) – Melhor Trilha Sonora, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme (olha, eu tenho uma memória afetiva grande pelo filme, mas, para mim, essas indicações a prêmios são incompreensíveis). A obra é simpática, alto astral e serviria para “filme de conforto”, mas não é nenhuma obra-prima da cinematografia mundial. Recomendo como um bom filme para ver com a família (crianças e vovós incluídas). Disponível para alugar na Amazon Video, Apple TV e Claro Video (que eu nem sabia que existia) e, claro, em mídia física.
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