“Como Perder um Homem em 10 dias”, de Donald Petrie, 2003
- hikafigueiredo
- há 12 minutos
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Filme do dia (21/2925) – “Como Perder um Homem em 10 dias”, de Donald Petrie, 2003 – Andie Anderson (Kate Hudson) é uma jornalista responsável por uma célebre coluna de uma revista feminina de sucesso. Sua editora lhe impõe a tarefa de escrever sobre os erros que as mulheres cometem quando em um relacionamento amoroso com homens. Para tanto, ela deverá escolher um homem que servirá de cobaia para seu experimento social. Ela escolhe, aleatoriamente, em um bar, Benjamin Barry (Matthew McConaughey), um egocêntrico publicitário que cobiça capitanear uma campanha publicitária milionária para uma joalheria, sem saber que ele fez uma aposta com seu chefe de que consegue fazer com que qualquer mulher se apaixone por ele.

Pois é... eu não vivo só dos gêneros drama e terror! Eventualmente eu me arrisco em outros gêneros, como na comédia romântica, caso desta obra, uma das prediletas da minha filha mais velha. O filme – na minha opinião, divertidíssimo – faz uma crítica poderosa e ácida a alguns dos pressupostos mais machistas e clichês que norteiam o senso comum acerca das mulheres e de seus relacionamentos heteronormativos, como o desinteresse de mulheres por assuntos sérios e profundos ou sua culpa no naufrágio das relações amorosas com homens. Comecemos pela revista em que Andie trabalha – muito embora a jornalista almeje escrever sobre assuntos relevantes, como política, economia ou meio ambiente, ela é impedida por sua editora, a qual mantém a revista enclausurada em assuntos frívolos e superficiais, completamente alinhada com a visão rasa de que as mulheres só se interessam por amenidades. A obra também brinca com a ideia de que os relacionamentos amorosos sucumbem porque as mulheres agem como verdadeiras malucas, com atitudes impensadas, infantis ou impulsivas, afogando seus parceiros com exigências ridículas e lhes cerceando a simples existência. Há, por fim, uma provocação quanto ao comportamento masculino também – enquanto Andie é retratada como uma mulher decidida, engajada, profunda, Ben é mostrado como um homem egocêntrico, predador e que objetifica as mulheres em geral. Em suma, o que lastreia o filme é justamente todas as suposições surgidas de uma sociedade machista, que submete mulheres e exige posturas engessadas dos homens, tudo isso envolto em uma fina ironia, resultando em uma obra com muito mais profundidade do que percebido em um primeiro olhar. Falando desse jeito, parece que o filme é seríssimo e panfletário – não, não é, ele é leve e até escrachado. A sequência de condutas “emocionadas” e ridículas que Andie promove propositalmente para enlouquecer Ben e fazer com que ele a deixe é simplesmente hilária – jamais esquecerei da “samambaia do amor” e da “princesa Sophia”, ou melhor, “Krull, o guerreiro”. O filme tem um ritmo impecável – a cada nova sequência temos um acirramento do tom jocoso, pois Andie piora suas ações para forçar que Ben jogue a toalha e desista dela sem saber que ele não pode fazer isso por conta da aposta que fez (na primeira eu já corria sem olhar para trás rs). Eu sei que o filme “funciona” maravilhosamente, tanto na parte cômica quanto na romântica, pois a química entre Kate Hudson e Matthew McConaughey também é perfeita, muito embora ache o trabalho da atriz superior ao do ator. No elenco, ainda, Kathryn Hahn – ótima como a realmente emocionada Michelle -, Adam Goldberg e Thomas Lennon como os “parças” de Ben e Bebe Neuwirth como a editora escamosa. Como eu disse, o filme é muito divertido e mesmo seu fundo crítico não faz com que ele “pese” em momento algum (até porque o espectador só percebe a crítica se parar para refletir sobra a narrativa – o que ninguém é obrigado a fazer). Eu adoro e recomendo (para quem curte o gênero, claro). Segundo o Justwatch, está facinho de ver no Prime Video.
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