Filme do dia (04/2023) - "Fogo Contra Fogo", de Michael Mann, 1995 - O policial Vincent Hanna (Al Pacino), considerado o melhor investigador da Delegacia de Homicídios de Los Angeles, encontra no criminoso Neil McCauley (Robert De Niro) um oponente à sua altura, dando início a uma conturbada perseguição para devolver McCauley à prisão.
Raramente assisto a filmes policiais, mas, às vezes, alguma obra chama a minha atenção e eu arrisco a visita. Este filme foi uma grata surpresa, pois trouxe ao tão convencional gênero um sopro de ousadia ao apostar em um roteiro cheio de meandros e na presença de dois astros de primeira grandeza em Hollywood. À primeira vista, o roteiro é simples - um policial respeitado e renomado persegue um criminoso perigoso e extremamente competente no que faz, equiparando-se, assim, ao investigador. No entanto, o roteiro é mais rico do que se supõe e insere, na narrativa, outros elementos que trazem complexidade à trama. Algo que não é muito comum nos filmes policiais é o aprofundamento dos personagens - com muita frequência os personagens são tratados de uma forma maniqueísta e rasa; aqui existe uma tentativa, bem sucedida, de humanizar os personagens, os quais exibem facetas diversificadas e não se mostram totalmente bons ou ruins: enquanto o policial Vincent demonstra ser um marido ausente e pouco flexível, o criminoso Neil McCauley mostra-se leal aos amigos e um homem delicado e apaixonado por sua escolhida. Outro elemento inserido na trama que eu, particularmente, gostei, foi a presença de outro bandido, de caráter muito mais maligno que o próprio antagonista principal, a tornar a narrativa bem mais intrincada, um verdadeiro quebra-cabeça onde os personagens e as intenções vão, pouco a pouco, revelando-se. Também achei admirável o desenvolvimento da narrativa, a qual, mesmo sendo bastante intrincada, foi fácil de acompanhar e não cedeu espaço a dúvidas ou confusões. A narrativa é linear, em um ritmo muito marcado (para a época, devia ter um ritmo alucinante). Formalmente, é um filme bastante convencional, seguindo, rigidamente, os padrões hollywoodianos. Outro destaque impossível de não se mencionar é o elenco estrelado, com nomes como Robert De Niro e Al Pacino. Dispensável dizer que ambos estão ótimos em seus papéis: Robert De Niro não cedeu a alguns maneirismos que futuramente marcaram alguns personagens seus, e interpreta um McCauley humano e verossímil; já Al Pacino não erra nunca e não seria aqui que erraria e nos entrega um Vincent Hanna com fragilidades e receios, tão humano quanto McCauley. Val Kilmer interpreta o "braço direito" de McCauley, e, a despeito de sua competência como criminoso, mostra-se um jogador viciado e um marido dependente da esposa; Diane Venora interpreta Justine, Ashley Judd interpreta Charlene e Amy Brenneman interpreta Eady. O elenco traz, ainda, Jon Voight como Nate, uma Natalie Portman adolescente como Lauren, Tom Sizemore, Hank Azaria e Kevin Gage, além do queridíssimo astro trash Danny Trejo. Afirmo que é um ótimo filme policial e, se eu, que não curto muito o gênero, gostei, quem curte certamente vai adorar. Boa pedida, recomendo. PS - Único porém: são quase três horas de filme...
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