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“Jaula”, de Ignacio Tatay, 2022

hikafigueiredo

Filme do dia (77/2023) – “Jaula”, de Ignacio Tatay, 2022 – O casal Paula (Elena Anaya) e Simón (Pablo Molinero) estão retornando de um jantar, quando encontram, no meio da estrada, uma garotinha perdida. Levada às pressas a um hospital, os médicos verificam que ela está gravemente doente. A menina mostra-se profundamente traumatizada, não fala e tem comportamento estranho. Como nem a polícia, nem o hospital conseguem descobrir nada sobre a criança e esta parece ter desenvolvido apego especial a Paula e Simón, a guarda da garota acaba com o casal. Paula, no entanto, continuará, por conta própria, uma investigação para saber a origem da menina e para ajudá-la na sua recuperação.





Longinquamente inspirado na história real do Monstro de Amstetten - o pai que manteve sua filha enclausurada no porão por vinte e quatro anos – o filme caracteriza-se por ser um bom suspense escorado em elementos não muito sólidos – sabe aqueles filmes que, à primeira vista, são muito bacanas, mas, se analisarmos um pouco mais a fundo, não se sustentam assim tão bem? Então, é bem o caso desta obra. A história começa com o casal Paula e Simon encontrando uma pequena garota no meio da estrada, sozinha, à noite. O primeiro elemento sem sentido já acontece nessa cena inicial, pois Simón alerta Paula de que aconteceu alguma coisa na estrada, motivo pelo qual Paula para o veículo, o que possibilita o encontro da menina, caso contrário ela teria sido sumariamente atropelada. Ocorre que não existe nada que justifique o alerta de Simón – exceto eventuais poderes premonitórios do personagem, o que não é o caso -, de forma que a cena fica um pouco sem sentido. Ao longo da narrativa há diversas pontinhas soltas, fatos sem explicação, com justificativas pífias ou descoladas da realidade – nada que seja absolutamente impossível, mas que, certamente, seria bastante improvável. O suspense em si, funciona, deixa o espectador extremamente tenso, envolve o público, desde que não se questione demais a “lógica” da narrativa. Não vou entrar no mérito dos “buracos” da história para não incorrer em spoilers que destruiriam a experiência cinematográfica do coleguinha, mas eles existem, estão lá, e, pelo bem da diversão, melhor tentar ignorá-los e aproveitar o que se tem. Existe uma questão que liga a história com a maternidade, mas mesmo essa relação é feita de uma maneira um tanto quanto superficial, poderia ser melhor aproveitada. A narrativa é não linear – temos um curioso formato temporal na obra; a história começa chega até um momento e, subitamente, ela retorna ao ponto de partida e passa a ser “narrada” de um outro ponto de vista, e, é neste retorno ao início, que teremos a maior parte das explicações sobre a trama. A atmosfera, no início, é mais angustiante, mas a tensão cresce à medida em que nos aproximamos do clímax, explodindo na última meia hora – independente dos furos de roteiro, a obra funciona muito bem como thriller. O elenco traz Elena Anaya como Paula, num trabalho sólido e meticuloso; Pablo Molinero interpreta Simón, também bem, ainda que seu personagem exija bem menos que o de Elena Anaya; a pequena Eva Tennear está ótima e consegue transmitir todo o pânico da menina Clara; Carlos Santos interpreta o amigo Eduardo, não me convencendo muito no papel, assim como Eva Llorach no papel de sua esposa Maite. Enfim... thriller bom com roteiro “marromenos”, está fácil de ver na Netflix. Sem criar muita expectativa, pode ser uma pedida interessante.

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