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hikafigueiredo

"Na Idade da Inocência", de François Truffaut, 1976

Filme do dia (144/2022) - "Na Idade da Inocência", de François Truffaut, 1976 - Na pequena cidade de Thiers, na França, um grupo de crianças vive as aventuras de seu cotidiano, com as descobertas, alegrias e tristezas da infância.





É com evidente cuidado e carinho pelo tema que Truffaut envereda pelo terreno da infância. Sem fixar sua atenção em um personagem em específico, o diretor passeia por diversas situações vividas por diferentes crianças que, juntas, darão um pequeno panorama do que é vivenciar a infância. Assim, a obra tanto retrata as alegrias de ser criança, quanto os perigos inerentes de ter pouca idade, ou, ainda, o fato de que os pequenos estão atrelados e à mercê de seus responsáveis, muitas vezes insensíveis às suas necessidades. Truffaut também lança um olhar às descobertas dos quase adolescentes, em especial o surgimento do primeiro amor. É uma obra leve, quase ingênua, que chega a flertar com a fantasia ao optar por uma solução praticamente mágica e completamente inverossímil a uma ocorrência que, certamente, terminaria em tragédia. O diretor desvia-se uma única vez dessa leveza e inocência ao retratar um triste caso de maus tratos, mas, ainda assim, tenta não pesar nas tintas, tratando com a seriedade necessária, sem, no entanto, resvalar para o dramalhão. A obra é composta por várias pequenas histórias, como esquetes que se sucedem, umas após as outras. Lógico que, por sua própria estrutura , o filme não aprofunda as questões apresentadas, sendo muito mais uma visão geral da infância. A narrativa é linear em um ritmo pausado. A atmosfera é leve, gostosa, com momentos mais divertidos e outros mais tensos. A fotografia - como em muitos filmes da década de 1970 - me pareceu um pouco "lavada", isto é, com poucos contraste e saturação, e privilegia os planos médios e próximos. Gostei muito da cena inicial da obra, com as crianças correndo pelas ruas da cidade, invadindo os espaços com sua agitação e alegria. Também gostei bastante do visual setentista das pessoas, principalmente das crianças (todos - eu disse todos! - os meninos com cabelo mais comprido, bem ao estilo Beatles, e muitos usando calças boca-de-sino e camisetas justinhas - muito estilosos!!! rs). Destaque para a cena do menino na janela (aflitíssima!), de Sylvie presa em casa (muito divertida!) e toda as cenas de Julien (o menino que sofre violência doméstica). O elenco é enorme, com muitas crianças e adultos, mas destacaria o trabalho de Philippe Goldmann como Julien, devido à sua maior dramaticidade, e Sylvie Gressel como Sylvie pelo teor ligriramente cínico da personagem. Não é segredo que eu gosto demais da obra de Truffaut e, embora este não figure entre os meus filmes prediletos do diretor, ainda o acho bem interessante e rico. Recomendo.

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