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hikafigueiredo

“Nosferatu”, de Robert Eggers, 2024

Filme do dia (01/2025) – “Nosferatu”, de Robert Eggers, 2024 -Alemanha, 1838. Após sofrer anos a fio com terríveis pesadelos e convulsões, a jovem Ellen (Lily-Rose Depp) parece curada ao apaixonar-se por Thomas (Nicholas Hoult). Após casarem-se, Thomas é enviado para a Transilvânia para fechar negócio com o sombrio Conde Orlok (Bill Skarsgard), enquanto Ellen volta a ter os mesmos  pesadelos com uma criatura maligna.





 

 

A obra trata-se de uma releitura do filme expressionista “Nosferatu” (1922), de Murnau, o qual havia adaptado a história de “Drácula”, do escritor Bram Stoker. Seguindo o argumento original, a narrativa, aqui, foca na ligação obsessiva do Conde Orlok com a jovem Ellen, cuja solidão e desejo de ser amada acabou atraindo a atenção do sombrio vampiro. Ainda que Ellen seja apaixonada por Thomas e atormentada pela figura nefasta de Orlok, resiste, em seu interior, um obscuro desejo pelo vampiro, o qual já a visitara no passado. O conde, por sua vez, vê Ellen como sua posse e fica indignado ao saber que ela casara, motivo pelo qual intenta reapossar-se da moça. O filme pode ser interpretado como uma metáfora de um relacionamento tóxico, uma vez que o desejo de Orlok por Ellen significa, necessariamente, a destruição do objeto de desejo. A narrativa segue os passos do roteiro do filme original, mas há um acréscimo considerável de sedução entre os personagens. A narrativa é linear, em ritmo pausado, quase lento. O forte da obra encontra-se na atmosfera pesada, na estética gótica e numa fusão ímpar de sedução e desejo com horror, aversão e medo – as emoções de Ellen pela criatura são dolorosamente ambíguas e contraditórias e isso é muito bem trabalhado pelo diretor Eggers. Lindamente fotografado, alternando fotografia P&B e colorida, o filme aproveitou locações na Romênia e República Tcheca, incluindo castelos e construções históricas reais, que colaboraram muito com o estabelecimento da atmosfera sombria já mencionada. Outro destaque fica por conta dos trabalhos de interpretação de Lily-Rose Depp como Ellen – a jovem atriz entregou-se ao papel e sua Ellen traz uma força interior insuspeita face à delicadeza e fragilidade aparente da personagem -, de Nicholas Hoult como Thomas – gosto bastante do ator, muito embora aqui ele não exercite seu talento para fazer personagens irônicos e debochados -, e, claro, Willen Dafoe como Professor Von Franz – bem... a expressão de maluco do ator é sempre um diferencial... rs. Quanto ao trabalho de Bill Skarsgard, gostei bastante de sua expressão corporal – o ator está completamente irreconhecível sob a pesada maquiagem -, mas me incomodei com um sotaque forçado do Conde Orlok, bem como sua impostação de voz que não me soou minimamente natural. Também acho que esperei uma aparência mais parecida com a do Nosferatu original, definitivamente o vampiro mais assustador e asqueroso do cinema – como não foi o caso, acho que o novo Orlok me deixou um pouco frustrada, ainda que existam cenas no filme que até possam ser consideradas body horror. No frigir dos ovos, o filme é bom, eu curti, mas: 1. não supera o original; 2. não é nem de longe o melhor filme do diretor Eggers, muito embora tenha sido o mais badalado – eu definitivamente prefiro “A Bruxa” (2015), “O Farol” (2019) e “O Homem do Norte” (2022), exatamente nessa ordem. Mas eu acho que vale bastante a visita. Atualmente em cartaz nos cinemas.

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