Filme do dia (67/2022) - "O Bebê", de Ted Post, 1973 - A assistente social Ann Gentry (Anjanette Comer) começa a acompanhar o caso da família Wadsworth, na qual um rapaz mostra ter o desenvolvimento intelectual de um bebê de colo. Rapidamente, ela percebe a sinistra situação do seu assistido e age para afastar o jovem de sua família. Mas nem tudo é o que parece.
Apesar de estar classificado como filme de terror, a obra me soou muito mais como um drama triste e trágico do que propriamente como um terror. Sem contar com qualquer elemento realmente absurdo - no sentido de impossível -, a obra perturba justamente por mostrar uma família disfuncional que orbita em torno de um jovem rapaz criado como um bebê. Eu confesso que me senti bastante desconfortável com as cenas de "Baby" - pois o jovem sequer nome recebeu - engatinhando pelo chão, de fraldas e de mamadeira a tiracolo, imaginando que pesadelo seria estar preso naquela situação por toda uma vida - e o "terror" não para por aí. A forma como o personagem era tratado pela mãe e irmãs era aviltante e carregava consigo um segredo. A chegada da assistente social Ann parece ser uma luz no fim do túnel - mas há muito mais por trás de seu interesse em "Baby" do que compaixão e generosidade. Talvez o maior terror da obra esteja justamente no fato de mostrar o quão cruel o ser humano pode ser. A narrativa é linear, em ritmo moderado, mas crescente. A atmosfera é de incômodo, que, pouco a pouco, envereda para terrenos mais sombrios e depressivos. O confronto final entre a assistente social e a família de "Baby" é o único momento em que o exagero toma conta - mas o pezinho da obra no trash faz com que nem isso soe exatamente estranho ou deslocado. Como era de se supor, tecnicamente a obra é bastante simples e sem qualquer destaque - o típico filme B voltado para uma futura transmissão televisiva dos idos anos 70. O elenco, repleto de nomes pouco ou nada conhecidos, traz Ruth Roman no papel da Sra. Wadsworth - talvez, a melhor interpretação do filme -, Marianna Hill como Germaine e Suzanne Zenor como Alba - no caso, a mãe e as duas irmãs de "Baby", interpretado por David Mooney. Como a assistente social Ann, Anjanette Comer. Tirando Ruth Roman, um pouquinho melhor, todas as interpretações são bem forçadas, exageradas mesmo. Perdão só para David Mooney porque é preciso muita coragem e disposição para interpretar um bebê sendo uma pessoa adulta. Não tenho como dizer que este obscuro filme seja uma grande obra - não, ele não é - mas achei seu argumento criativo e acho que o roteiro conseguiu trabalhar bem suas ideias e sua atmosfera. Além disso, o filme conseguiu prender a minha atenção, mesmo estando morrendo de sono depois de uma semana dos infernos - logo, ele tem lá seus méritos. Não vou super recomendar, mas dá para assistir até que de boas.
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