Filme do dia (138/2020) - "O Cidadão Ilustre", de Gastón Duprat e Mariano Cohn, 2016 - Daniel Mantovani (Oscar Martínez) é um renomado escritor argentino, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura e aclamado no mundo inteiro. Durante uma crise criativa, Daniel, radicado na Europa há 40 anos, resolve voltar para Salas, sua pequena cidade natal na Argentina. A viagem trará recordações e surpresas, nem sempre agradáveis.
Essa interessante obra cinematográfica discorre, dentre outros assuntos, sobre a arte, mais especificamente sobre a literatura. Ao longo da narrativa, discute-se sobre a natureza da cultura e da arte, o papel do artista, os limites entre realidade e ficção, a origem da inspiração do artista, o valor de uma produção cultural/artística, e muitas outras questões relacionadas a esses assuntos. É um filme que nem sempre surpreende - há algumas passagens bastante previsíveis - mas confesso que o desfecho me agradou de sobremaneira e, para mim, foi inesperado. O roteiro desenvolve-se bem, com um ou outro pequeno deslize relacionado à previsibilidade e que nem de longe impede o filme de ser ótimo. O ritmo está mais para lento, mas não chegará a torturar aquele espectador mais habituado com ritmos intensos, dá para assisti-lo bem de boa. A qualidade técnica é meio padrão - fotografia, direção de arte, montagem, som, tudo é extremamente bem feito, mas nada sai muito da curva. Quanto às interpretações, gostei demais da atuação de Oscar Martinez (ator que também participou de "Relatos Selvagens", de 2014, e "Kóblic", de 2016) como o quase exaurido Daniel; Andrea Frigerio interpreta Irene, Dady Brieva faz Antônio (um personagem insuportável de babaca) e Belén Chavanne interpreta Júlia, todos muito bem, com destaque para Dady Brieva. O filme é realmente muito bom, instigante, mas não hermético, flui bem e trata de assuntos que me são caros. Recomendo muito! Obrigada à amiga Liz que me indicou o filme!
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