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hikafigueiredo

“O Incrível Exército de Brancaleone”, de Mario Monicelli, 1966

Filme do dia (50/2023) – “O Incrível Exército de Brancaleone”, de Mario Monicelli, 1966 – Região da Itália, século XI. Um nobre jovem e empobrecido, Brancaleone da Nórcia (Vittorio Gassman), junta um punhado de maltrapilhos, o qual chama de “seu exército”, e parte em uma jornada para tomar posse de um feudo, o qual acredita ter direito. No caminho, enfrentará diversos desafios, só possíveis naquela época.





Claramente inspirado em Don Quixote de La Mancha, o filme traz a figura ingênua, mas altiva, de Brancaleone, que, embora cheio de boas intenções, envolve-se com um grupo de ladrões miseráveis, evidentemente mais maliciosos que ele, tornando-os o “seu exército”. Brancaleone, que fora educado dentro das rígidas normas de honra e lealdade do feudalismo, mas completamente desprovido de posses de qualquer espécie, vê, em seus companheiros de jornada, um exército que o apoia, ainda que não contem com armas, subsídios e, muito menos, coragem para tanto. O contexto histórico é a Idade Média e a narrativa discorre sobre questões existentes naquela época, como a peste negra, a invasão das terras por sarracenos, o poder da Igreja Católica, as relações sociais feudais, a crença em bruxaria, as cruzadas como missão divina, dentre outros. O filme é um legítimo exemplar da comédia italiana e traz um humor ácido e irônico, com toques de sensualidade. A narrativa é linear, em ritmo intenso. A atmosfera é leve, fazendo com que a narrativa flua de forma agradável e simpática. Os personagens despertam a simpatia do espectador, em especial o protagonista Brancaleone por conta de sua ingenuidade e boas intenções. O filme traz uma fotografia bem saturada e brilhante, com muitos planos bem abertos, quase sempre em cenas externas. Inúmeras são as cenas em locações reais – são castelos, feudos, muralhas, pontes e ruínas da época feudal, um sonho de consumo para quem curte construções históricas. A trilha musical traz uma musiquinha recorrente, impossível de tirar da cabeça (“Branca, Branca, Branca, leone, leone, leone”) – para o resto da vida!!! Divertidíssimo o desenho de produção relativo aos figurinos, ultra exagerados – com destaque para a cena dos bizantinos, pura reprodução das pinturas e vitrais bizantinos. O elenco traz dois dos principais intérpretes do cinema italiano na época – Vittorio Gassman está impagável como Brancaleone da Nórcia, super simpatia pelo personagem; o maravilhoso Gian Maria Volonté (fan detected!!!!) interpreta o cínico Teofilatto Dei Lionzi, outro nobre, renegado pela família por conta de seu péssimo caráter; Carlo Pisacane interpreta o judeu Abacuc; Enrico Maria Salerno, o religioso Zenone; Catherine Spaak, Matelda; destaque para Barbara Steele, musa do terror italiano, numa ponta como Teodora. O filme é bem divertido e gostoso de assistir, recomendo sem ressalvas.

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