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hikafigueiredo

“Os Canhões de Navarone”, de J. Lee Thompson, 1961

Filme do dia (42/20240 – “Os Canhões de Navarone”, de J. Lee Thompson, 1961 – 1943. Um grupo de dois mil soldados britânicos se encontra preso na ilha turca de Kheros. O governo alemão anuncia um ataque àquela ilha para mostrar seu poderio militar e subjugar a Turquia, fazendo com que o país se una à Alemanha. O resgate dos soldados é impossibilitado porque em uma ilha vizinha, Navarone, existem dois gigantescos canhões de grande calibre que impedem a Marinha Britânica de se aproximar. No intuito de resgatar os soldados, os aliados criam uma unidade de comando secreta que, numa ação praticamente suicida, infiltra-se na ilha de Navarone para destruir os canhões.




 

 Baseado no romance homônimo de Alistair MacLean, o filme transita pelos gêneros ação, aventura e guerra, com um resultado coeso e muito bem equilibrado. A história acompanha a formação e trajetória da unidade de comando secreta disponibilizada para se infiltrar na Ilha de Navarone e destruir os canhões que impedem a aproximação dos navios de resgate da Marinha Real Britânica da Ilha de Kheros. O grupo, heterogêneo, é liderado pelo Major Roy Franklin e conta com a presença do Capitão Mallory, um renomado escalador e espião britânico; do Coronel Andrea Stravos, um oficial grego; do Cabo Miller, especialista em explosivos; do soldado grego Spyros Pappadimos, natural de Navarone; e de Brown, um engenheiro especializado no ataque com facas. Juntos, eles enfrentam inúmeros obstáculos, são perseguidos, traídos, sofrem emboscadas e diversos tipos de ações do exército alemão. A narrativa é linear, em ritmo marcado para a época, mas não tanto se considerarmos os filmes de ação atuais. A atmosfera é de suspense e tensão, pois há diversas reviravoltas na história, o grupo sendo capturado e conseguindo se desvencilhar em algumas situações. A obra traz, aqui e ali, algumas (leves) reflexões acerca da responsabilidade daqueles que lutam nas frentes de combate, mas nada assim tão aprofundado, e há algumas cenas em que os personagens se veem em dilemas morais interessantes decorrentes da guerra (a principal, a cena em que uma traição é revelada e o autor, responsabilizado). Não é, no entanto, um filme que se posiciona frontalmente contra a guerra, pois existe um forte componente de heroísmo na narrativa, onde os feitos do grupo são claramente exaltados. Na verdade, à parte os momentos reflexivos, o forte da obra são suas cenas de ação e combate, algumas ainda bem boas para os dias de hoje. Formalmente é uma obra bem convencional, sem grandes criatividades narrativas ou ousadias formais – a própria evolução da história parece saído de um manual, com pequenos clímaces pontuais e o grande clímax já perto do fim, num “crescendo” bem óbvio. Merecem destaque o desenho de produção, devido às ótimas escolhas de locação, e os efeitos especiais que envelheceram muito bem. A trilha sonora, composta por Dimitri Tiomkin, fez uso de canções tradicionais gregas, rearranjadas pelo compositor, e foi agraciada com o Globo de Ouro (1962) na categoria de Melhor Trilha Sonora. O elenco é encabeçado pelo galã Gregory Peck como Capitão Mallory, sempre ótimo com seu olhar profundo e sua expressão compenetrada – gosto muito do ator, acho suas interpretações sempre muito sólidas; David Niven interpreta o Cabo Miller, fugindo de sua elegância habitual – poucos atores são tão britânicos quanto ele! -, nos premia com uma fina ironia e com os momentos de maior questionamento da obra; Anthony Quinn interpreta o Coronel grego Andrea Stravos, muito bem, com destaque para a cena em que eles são apreendidos pelo exército alemão; no elenco, ainda, Irene Papas, Anthony Quayle. James Darren, Stanley Baker e Gia Scala. O filme foi agraciado com o Oscar (1962) de Melhor Efeitos Especiais, sendo indicado ainda nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Montagem, Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro Adaptado; no BAFTA (1962), foi indicado na categoria de Melhor Roteiro; e no Globo de Ouro (1962), além do prêmio de Melhor Trilha Sonora, também recebeu o prêmio de Melhor Filme Dramático. A obra é muito boa, vale a visita (segundo o Justwatch, está para alugar na Amazon e na Apple TV).

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