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hikafigueiredo

"Saneamento Básico, O Filme", de Jorge Furtado, 2007

Filme do dia (227/2020) - "Saneamento Básico, O Filme", de Jorge Furtado, 2007 - Uma pequena comunidade do Rio Grande do Sul precisa fazer obras de saneamento básico. Não há verba na prefeitura para tanto. No entanto, Marina (Fernanda Torres) descobre que existe uma verba disponível para para a realização de um filme, o que lhe dá uma ideia.





Assisti a esse filme no cinema, logo que foi lançado. Tinha lembrança de poucas coisas dele, mas me recordava de ter gostado muito. Na revisita, lembrei do porquê de ter gostado - é muito engraçado!!! A obra tem o mérito de ser uma crítica, um filme metalinguístico e uma comédia a um só tempo. Quanto à crítica, a obra mostra os caminhos insuspeitos das verbas públicas no Brasil, o desvio de dinheiro público, os políticos populistas e aproveitadores. Até mesmo a arrogância de alguns cineastas é criticada, de uma maneira divertida e debochada. Quanto ao filme metalinguístico, a obra retrata a realização de uma filmagem com todos os problemas técnicos que a envolvem - e mais alguns surgidos da pouca familiaridade com o assunto (e nenhuma competência) da equipe realizadora. Por fim, a comédia vem deixar toda a crítica mais palatável e, com certeza, ajuda a atingir um público pouco afeito a filmes sérios que poderiam trazer essa mesma crítica aqui embutida. Certo é que temos uma obra com conteúdo e extremamente divertida. O roteiro é de autoria do próprio Jorge Furtado, lembrando que ele é extremamente hábil em falar de assuntos sérios de uma maneira leve e de fácil compreensão, mesmo que, ao fim, ele dê um murro no estômago do espectador, como fez no excepcional curta-metragem "Ilha das Flores" (1989). A narrativa é linear e o ritmo é marcado. O cenário local - uma pequena cidade gaúcha - é bem aproveitado. Tecnicamente, o filme é todo certinho, redondo, sem grandes destaques. O elenco, por sua vez, não poderia ser melhor e mais afinado. No papel da idealista Marina -que, por melhores intenções que tivesse, estava desviando verbas públicas federais - temos uma impagável Fernanda Torres, atriz irrepreensível. No papel de Joaquim, Wagner Moura, outro ator que dispensa apresentações. Camila Pitanga interpreta a fútil Cilene, ótima e engraçadíssima. Bruno Garcia interpreta Fabrício, também ótimo. Paulo José interpreta o pai de Marina e Cilene, Seu Otaviano - e responsável pela cena em que eu mais gargalhei (e que depois do fim do filme me fez ficar rindo sozinha cada vez que eu me lembrava da cena). Lázaro Ramos interpreta o "cineasta" Zico (e aqui reside a crítica aos profissionais do meio, recoberta por uma fina ironia), irretocável. O elenco é completado por Tonico Pereira, Lúcio Mauro Filho, Zéu Britto e Janaína Kremer Motta. Não tem um único ator fora de lugar no filme e todos tem um timing perfeito para a comédia. A obra é engraçadíssima, simplesmente fantástica. Adoro e recomendo!!! Muito!

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