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hikafigueiredo

"Sede de Paixões", de Ingmar Bergman, 1949

Filme do dia (113/2018) - "Sede de Paixões", de Ingmar Bergman, 1949 - O casal Rut (Eva Henning) e Bertil (Birger Malmsten), voltando de viagem passam por uma crise decorrente da traição de Bertil com Viola (Birgit Tengroth); Viola sofre por seu marido recém-falecido, quando encontra uma antiga amiga, Valborg (Mimi Nelson), que lhe demonstra interesse.





Considerada por alguns como a obra que inaugurou o estilo sensorial e intimista de Ingmar Bergman, temos, aqui, um prenúncio do que seria sua filmografia. O filme retrata três personagens femininas, concentrando sua atenção nas crises de duas delas - Rut e Viola. Rut sofre ao lembrar de sua primeira paixão, Raoul, um homem casado, frio e violento, que destrói seu sonho de maternidade, ao mesmo tempo em que tenta superar a traição do marido Bertil. Em sua crise, a jovem passa por altos e baixos, evidenciando sua angústia em contraposição ao amor que sente por Bertil. Já Viola sofre com a ausência de seu marido, buscando ajuda na psicanálise, o que se mostra um erro face ao profissional que a atende. Desesperada, acha consolo na companhia de Valborg, o que também se mostra um equívoco. Os personagens são acompanhados quase que a esmo e a narrativa flui solta, livre, como o desenvolvimento de um sonho ou uma longa divagação. Há, ainda, certo diálogo entre o momento histórico e o estado das personagens - a Europa, devastada pela Segunda Guerra, é mostrada, em certos momentos, como um agregado de ruínas habitado por pessoas famintas e miseráveis. Essa imagem de destruição é refletida no estado emocional das personagens Rut e Viola, atormentadas por seu fantasmas interiores, tão destruídas por dentro como a paisagem no entorno. Bergman, aqui, inaugura seu estilo de filme denso, com discussões profundas e complexas e muito, muito sensorial. Destaque para a interpretação de Eva Henning como a conflituosa e contraditória Rut (a cena inicial é a imagem da ansiedade, quando Rut se contorce por não conseguir dormir e não ter o que fazer enquanto Bertil dorme a sono solto - a inquietude que a atriz imprime na conduta da personagem é incrível!!!). Grande Bergman, grande filme. Recomendo. Muito. Tudo. Sempre.

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