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hikafigueiredo

“Shaitaan”, de Vikas Bahl, 2024

Filme do dia (44/2024) – “Shaitaan”, de Vikas Bahl, 2024 – Durante uma viagem em família, a jovem Jahnvi (Janki Bodiwala) conhece Vanraj (R. Madhavan), um homem gentil, mas com intenções maléficas, e, sem saber, abre as portas para um verdadeiro pesadelo familiar.




 

Filme de terror indiano? Pode isso? Pode sim! E pode muito! Nessa surpreendente obra do gênero terror psicológico, de origem indiana, temos uma história recheada de tensão extrema, sem apelar para jumpscares bobos ou as desagradáveis cenas gore que têm sido a tônica dos filmes de terror ocidentais tradicionais. Sem apelar para quaisquer destes artifícios, o filme sustenta uma narrativa sólida, poderosamente angustiante e profundamente tensa. A história começa retratando o harmônico cotidiano de uma família comum, prestes a sair para uma viagem familiar. No trajeto para a casa de campo, no entanto, eles conhecem um homem desconhecido até então, gentil e aparentemente inofensivo. Aparentemente, claro. Tal indivíduo lançará uma espécie de feitiço de magia negra na jovem filha do casal Rishi e ela passará a seguir toda e qualquer ordem dele – e, podem crer, ele se mostra bem criativo e cruel. Daí em diante, o filme nos envolve em uma rede de tensão impossível de se desvencilhar e o espectador passa a sofrer junto com os pais da moça, torcendo desesperadoramente para que todo aquele pesadelo chegue ao fim. O filme consegue adentrar ao terreno sobrenatural de uma forma bastante convincente, sem exagerar nas explicações, deixando uma aura de mistério que torna a experiência ainda mais angustiante. E, claro, há um temperinho indiano, lembrando que o hinduísmo é uma religião politeísta com milhões de divindades as mais diversas e, a Índia, um país conhecido pela sua profunda religiosidade – tudo isso contribui para tornar a obra por demais interessante e curiosa. Como é comum nas obras cinematográficas indianas, há alguns exageros, aqui até que bem sutis, e a célebre cena de dança, muitíssimo bem inserida na trama por sinal. A narrativa é linear, em quase tempo real (tudo acontece em algumas poucas horas), em ritmo intenso e crescente. A atmosfera é o mais puro suco de tensão e angústia, perfeito para o gênero. Formalmente é um filme convencional, com uma ou outra cena com a fotografia mais ousada (posicionamento de câmera mais criativo ou movimento de câmera mais sofisticado), e desenho de produção um pouco mais ocidentalizado. O elenco traz Ajay Devgn como o pai disposto a tudo para proteger sua família e resgatar sua filha das garras do estranho visitante, num trabalho bem menos exagerado do que o comum para o cinema indiano; a atriz Jyothika interpreta a mãe furiosa, com a qual me identifiquei muito; a jovem atriz Janki Bodiwala interpreta a filha, muito bem no papel, ela tem algumas cenas bem insanas, onde a expressão facial dela remete à mais profunda loucura; mas é R. Madhavan que rouba a cena como o cínico, debochado e perverso intruso – há anos não sentia tanto ódio por um personagem como senti por ele, sinal de que estava muito bem na sua interpretação. Destaque para a cena do ritual, bem poderosa e para a cena final que, apesar de certo discurso meio piegas, lava a alma dos espectadores mais “sangue nos olhos” rs. Gostei demais do filme e está bem fácil de ver, está na Netflix.

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