Filme do dia (103/2018) - "Um Lugar Silencioso", de John Krasinski, 2018 - Após o mundo ser dominado por vorazes criaturas, uma família tenta sobreviver nessa nova realidade. As criaturas, cegas, são guiadas unicamente pelos sons, obrigando a família a manter-se constantemente em silêncio e em alerta.
Tenso. Tenso demais. Tenso ao infinito. A obra - que está sendo anunciada como terror, mas, para mim é mais um suspense com toques de ficção científica - acerta em cheio na intenção de fazer o espectador se retesar na cadeira e suspender a respiração (okay, okay, vamos, mais uma vez, tentar não morrer de apneia). Fiquei extremamente surpresa com o domínio do ritmo da narrativa de John Krasinski - que, até onde eu saiba, era somente ator até essa obra - lembrando que o roteiro também é dele. Ainda que a obra se utilize do bom e conhecido "jumpscare", o forte dela é a tensão constante que impõe ao público. Apesar de seguir uma lógica - a questão do som - parecida com o também suspense "O Homem das Trevas" (inclusive os cartazes de divulgação são praticamente idênticos), o resultado foi extremamente diferente. Enquanto "O Homem das Trevas" incomoda pela sensação de claustrofobia e pela escuridão quase constante, em "Um Lugar Silencioso" há uma variação bem rica de ambientes e sensações - o que não resolve nada, pois todos são igualmente tensos: em ambientes abertos, o espectador fica com aquela impressão de vulnerabilidade e, nos fechados, bate a agonia do confinamento e de não ter para onde fugir. A edição de som é fantástica - lembrando que minha percepção de som no cinema é quase um desastre e, para eu reparar nisso, a coisa tem que ser ou muito boa ou muito ruim: a obra é extremamente silenciosa e várias são as cenas em que os sons se limitam a passos delicados e movimentos cuidadosos; o virar de um frasco de remédio é delicadamente realizado para fazer o mínimo de ruído, assim como o comer, o se vestir, o se mover. Engraçado que quando eu saí do cinema - última sessão de uma segunda-feira, sala quase vazia - e me vi sozinha no corredor, me dei conta que estava evitando fazer barulho, completamente influenciada pelo filme. Os efeitos especiais funcionam a contento. O elenco também merece parabéns - John Krasinski, que além do roteiro e direção, ainda interpreta o pai da família, está ótimo, ele consegue passar muitas coisas só pelo olhar e pela linguagem corporal (mas, para mim, ele sempre será o Jim do "The Office"). No entanto, é Emily Blunt quem rouba a cena - a passagem do banheiro é de arrepiar (sem spoilers). Vale destacar, ainda, o trabalho de Millicent Simmonds, que interpreta a filha surda (sendo ela mesma surda na vida real), figura vital na história. Gente, filmaço de suspense, vale muuuuito a pena!!!!
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