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hikafigueiredo

"Vocês Ainda Não Viram Nada!", de Alain Resnais, 2012

Filme do dia (12/2021) - "Vocês Ainda Não Viram Nada!", de Alain Resnais, 2012 - Após a morte do dramaturgo Antoine d'Anthac (Denis Podalydés), vários famosos atores e atrizes franceses, dentre os quais Mathieu Amalric, Sabine Azéma, Anne Consigny, Michel Piccoli, Lambert Wilson e Pierre Arditi, dentre outros, são chamados à sua mansão para a abertura de seu testamento. O que eles não sabem é que serão chamados para analisar uma nova montagem da peça "Eurídice", último desejo do falecido, oportunidade em que relembrarão seus papeis em outras montagens da mesma peça teatral.




Pelo visto, hoje é dia de assistir a filmes pouco convencionais. Tudo, nesta obra, é farsesco e metalinguístico, tudo é uma grande brincadeira com as linguagens teatrais e cinematográficas. Todos os profissionais de teatro chamados à casa do dramaturgo interpretaram personagens diversos em duas outras montagens anteriores da peça "Eurídice". Eles são colocados diante de uma grande tela de cinema, onde acompanharão a projeção da filmagem da última montagem desta mesma peça sob a direção do falecido. Enquanto veem a filmagem, cada ator ou atriz relembra sua experiência relativa àqueles personagens e isto aparece, para o espectador, como uma encenação da peça à parte - e aí temos toda a brincadeira metalinguística, pois os atores/atrizes passam a interpretar, por vezes na plateia, por vezes em um cenário, os mesmos personagens que estão na tela de cinema. Detalhe: como seria a terceira montagem da mesma peça, temos, em cena, três pares de Orfeus e Eurídices, que se alternam interpretando as cenas (e, em alguns momentos, os três pares interpretam a mesma cena, sendo possível perceber as diferenças de inflexão de voz e postura corporal de cada profissional no mesmo papel). Como eu disse, o filme é lúdico em sua proposta. Por outro aspecto, é evidente que o principal tema da obra é a memória, ou, como as ações e ocorrências do passado permanecem em nós - há, inclusive, essa exata discussão na peça, quando Orfeu afirma que tudo que vivenciamos levamos conosco para a vida toda e Eurídice diz não suportar o peso dos fantasmas que estão ali, ao seu redor. O ritmo da obra é de moderado a ágil e a atmosfera, até pelo conteúdo da peça, é trágica. O diretor evitou uma eventual possibilidade da obra se tornar claustrofóbica alternando plateia e cenários de uma forma meio aleatória. O filme traz um trabalho de edição interessante, por conta desta alternância de Orfeus e Eurídices ao longa da história. Os atores e atrizes interpretam a si próprios, com exceção de Denis Podalydés que interpreta o dramaturgo Antoine. O filme é bem inusual, instiga o espectador e prende a atenção. Gostei pela criatividade e pela presença de grandes nomes da dramaturgia francesa (amei a interpretação de Eurídice de Sabine Azéma, poderosíssima!!!!). Recomendo.

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